Viver é um
risco para quem quer verdadeiramente amar. Em meio a tantos caminhos que exigem
de nós, mais do que bondade, o amor é um desafio e a vida é um risco. Os relacionamentos humanos carecem de uma
verdadeira alteridade que nos coloca em constantes riscos.
Tantos
são os sonhos e os compromissos que construímos e buscamos, que, em grande parte da
vida, nós só corremos. Trabalhamos mais do que deveríamos, gastamos todas as nossas energias com questões mesquinhas e desnecessárias e, esquecemos que o ponto
nevrálgico da vida é simplesmente tecer ternura e cuidar bem dela.
Perdemos tanto tempo querendo viver a vida dos outros, os problemas alheios e não vivemos a
nossa própria vida. Ou, pior ainda, quando passando uma tarde inteira criando problemas
para tentar solucioná-los no outro dia, perdendo noites de sonos com nossa
ignorância, em sermos tão limitados e frágeis para não compreendermos o
verdadeiro significado da nossa existência.
Cai-se
a folha... Parte-se o sol... Murcha-se a flor... Chega-se a sabedoria! Este
processo de vida não nos é indiferente em nenhum outro lugar deste mundo. Faz
parte do ciclo. Tudo se renova ou, quando não dá mais, se acaba. Acabar não significa necessariamente que é o
fim. Pode, talvez, ser o tempo para ressignificação da nossa existência. Tempo
para surgir um novo ser; novo homem e nova mulher. Seres capazes de
transcenderem em si mesmos. Sujeitos ternos que consigam aguçar não só a
poesia, mas a arte de fazê-la em si mesma.
Viver, é este risco de não sermos tão significantes e apropriados em nós mesmos,
como deveríamos ser. Porém, se não
vivermos este risco, maior ainda será o fracasso da vida humana, por não termos a capacidade
de enfrentá-la, modificá-la e redimensioná-la.
Se
viver é um risco. Devemos viver intensamente nos arriscando para não perdemos o
que há de mais belo neste mundo – a relação humana. Oxalá, o amanhecer desta
aurora nos refaça com uma nova capacidade de amarmos arriscadamente.
Crisjoli Fingal