quinta-feira, 18 de maio de 2017

DESABAFO


DESABAFO (Com licença, Drummond)

E agora, José?
a mídia anunciou,
o país balançou,
a crise aumentou,
o povo sumiu,
a noite esfriou
e agora, José?


E agora, você?
você que tem partido,
que critica o do outro,
você que faz piadas,
que zomba, protesta?
e agora, José?


Está sem crédito,
está sem discurso,
está sem ética,
já não pode votar,
já não pode sonhar,
falar já não pode,
a noite chegou,
a mudança não veio,
a liberdade não veio,
o direito de ir e vir não veio,
não veio a democracia
e tudo acabou
e tudo mentiu
e tudo zombou,
e agora, José?


E agora, José?
Sua pobre palavra,
seu nojo da plebe,
sua fuga e medo,
seus processos,
sua delação premiada,
seu terno de vidro,
sua impunidade,
seu pódio — e agora?

Com a mídia na mão
quer cobrir a mentira,
não existe mentira;
quer viver a zombar,
mas a máscara caiu;
quer acabar com o Brasil,
Brasil não te quer mais.


José, e agora?

Se você evitasse,
se você renunciasse,
se você pedisse
perdão ao povo,
se você sumisse,
se você desistisse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é corrupto, José!


O povo no escuro
qual bicho-do-mato,
sem emprego,
sem aposentadoria
para desfrutar,
sem democracia
vítima do golpe,
você marcha, José!
José, para onde?


Por Cristiano Oliveira

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